segunda-feira, 27 de março de 2017

Traição Capitulo 11

Joseph desligou o telefone com uma carranca e se inclinou para trás na cadeira de couro.
Tinha de retornar a Nova York. Nick lhe telefonara com aquela notícia minutos atrás, e
Joseph a recebeu com um incômodo que lhe era incomum. Pior, tivera de informar Nick e Kevin que outro projeto deles havia sido roubado.
Os dois se mostraram furiosos com Demi, o que era compreensível. Como reagiriam quando soubessem que ele estava resolvido a se casar com ela o mais rápido possível?
Joseph se encontrava dividido entre o desejo que Demi o acompanhasse e a vontade de mantê-la protegida naquela ilha. Distante de qualquer chance de ela recuperar a memória.
Alheia às críticas e à animosidade dos irmãos.
O prenúncio de uma dor de cabeça o atormentava enquanto considerava o egoísmo daquele pensamento. Porém, sabia que quando Demi recuperasse a memória, fato que os médicos o asseguraram de que aconteceria, tudo mudaria entre os dois.
Ainda deveria estar furioso com Demi e se esforçando para manter a distância entre os dois, mas ela lhe minara a resistência durante aquele tempo que passaram na ilha. Por mais que aquilo o envergonhasse, não importava mais se Demi mentira e roubara a empresa.
Queria que tudo permanecesse como estava, e, se ela recobrasse a memória, seriam forçados a encarar os fatos do passado.
E provavelmente a perderia.
Aquilo o incomodava mais do que deveria. Demi estava esperando um filho seu, disse a si mesmo, e aquela devia ser razão suficiente para não desejar que as coisas azedassem entre os dois.
O tempo que passara ali com Demi o remetera aos momentos que desfrutavam, juntos, antes da noite em que descobrira sua traição. Naquela época tinha como certa a presença de
Demi em sua vida e por isso não parava para avaliar a importância dela, mas agora sabia o quanto gostaria de encontrá-la em casa quando retornasse de um dia de trabalho.
Demi era divertida e descontraída. Terna e amorosa. Todas as características que desejara para a mãe de seus filhos.
Entretanto ela o traíra. E tudo sempre voltava a esse ponto, não importava o quanto quisesse esquecer.
– Joseph?
O chamado suave o fez erguer o olhar para se deparar com Demi parada à porta, com a mão sobre o batente, enquanto espiava lá dentro. No mesmo instante, ele varreu os pensamentos sombrios da mente, esperando aparentar menos macambúzio do que se sentia. O clima entre eles ficara tenso e pesado desde a visita de Taylor à ilha. Algo que ele lamentava, mas que nada podia fazer para remediar quando ainda tinha dúvidas e inseguranças em relação a Demi.
– O que é, pedhaki mou?
– Você está bem? – Ela deixou a mão pender e entrou no escritório com passos hesitantes.
Joseph concluiu que não soubera disfarçar e expressão desgostosa.
– Venha cá. – Estendeu a mão e a puxou para sentá-la no colo. – Tenho de retornar a Nova York.
Uma sombra escureceu o semblante de Demi.
– Quando?
– Pela manhã. Meu irmão telefonou com a notícia de que uma pessoa influente que estamos cortejando para o projeto de um novo hotel estará em uma recepção oferecida em nosso hotel de Nova York. Nick e Kevin pensaram em resolver o assunto, mas o homem quer se reunir com os três. É algo que não posso faltar.
Demi parecia desapontada e, apesar da insatisfação de vê-la de volta a Nova York que ainda persistia em sua mente, descobriu-se dizendo:
– Poderia me acompanhar.
O olhar de Demi se iluminou.
– Não seria um estorvo?
Joseph franziu a testa.
– Você nunca é um estorvo, agape mou. Acho que será bom. Poderíamos anunciar nossos planos de casamento. Meus irmãos vão querer conhecê-la – disse ele, mais animado. –Poderíamos até mesmo nos casar em Nova York com minha família presente e depois retornar para cá. – Na mente de Joseph quanto mais cedo se casassem, melhor. – Providenciarei para que o Dr. Karounis retorne a Atenas. Acho que não precisamos mais dele.
O sorriso de Demi se alargou.
– E Patrice? Não que eu não goste dela, mas me parece que Patrice e o Dr. Karounis parecem estar se dando muito bem. Talvez ela queira fazer uma viagem até Atenas.
– Estenderei o convite a ela. – Joseph concordou com um sorriso.
– Então, sim, adoraria ir. – Demi envolveu o pescoço largo com os braços e se apossou dos lábios sensuais com um beijo ousado. Porém, antes que Joseph pudesse aprofundar o beijo, ela se ergueu. – Tenho de fazer a mala!
Joseph soltou uma risada baixa e lhe segurou a mão.
– Tem muito tempo para isso.
Ainda assim, saiu apressada, e Joseph se deteve a observá-la, muito tempo depois de ela desparecer pela porta. Devia estar se sentindo aliviado pelo fato de que, em breve, estariam casados, e Demi estaria unida a ele, mas não conseguia se livrar da sensação incômoda que o assombrava.
O jato de Joseph tocou o solo de Nova York no fim da tarde e uma limusine os aguardava esperando quando saíram do avião. Um homem alto, de aparência estonteante, parado ao lado do carro e, à medida que se aproximaram, Demi percebeu a semelhança entre ele e Joseph.
– Kevin. – Joseph chamou. – Não esperava encontrá-lo aqui. Que surpresa!
Kevin exibiu um meio sorriso.
– Não posso recepcionar meu irmão?
Joseph envolveu a cintura de Demi com um dos braços e a impulsionou para a frente.
– Kevin, esta é Demi. Demi este é meu irmão mais novo, Kevin.
– Prazer em conhecê-lo – disse ela com um sorriso nos lábios.
O olhar do homem pousou impassível sobre ela, mas ele não lhe retribuiu o sorriso.
Lentamente a expressão de Demi se fechou ao perceber o olhar nada amistoso de Kevin e, em um gesto instintivo, se encolheu contra Joseph.
Em seguida, o irmão baixou o olhar ao anel de noivado que ela ostentava no dedo e franziu a testa. Voltou a encarar Joseph com a mandíbula contraída.
– Seja cortês – disse Joseph em um tom de voz muito baixo, embora ela conseguisse captar a aspereza que permeava aquelas palavras.
– Prazer em conhecê-la – Kevin retrucou em um tom tenso, embora sua linguagem corporal dissesse o contrário. Em seguida, girou nos calcanhares e caminhou na direção de outro carro que se encontrava estacionado a uma curta distância.
Demi ergueu o olhar para Joseph atordoada.
– O que significou aquilo?
– Não foi nada, pedhaki mou. Desculpe se meu irmão foi rude. Não voltará a acontecer.
– Mas por que ele foi rude? – O comportamento de Kevin a deixara perplexa. E então, outro pensamento lhe ocorreu. – Nós já nos conhecíamos? Provavelmente, sim, ele é seu irmão. Fiz alguma coisa que o ofendeu no passado? Ele sempre antipatizou comigo?
Joseph se apressou em acomodá-la no carro e se sentar ao lado dela.
– Vocês não se conheciam. Não tem de se preocupar se fez algo errado. Esse é o jeito de
Kevin. – Joseph soava ansioso e ela estreitou o olhar diante do que considerou uma mentira.
Quando o celular de Joseph tocou, ele se precipitou em atender. Demi comprimiu os lábios e refletiu em silêncio. Algo estava errado. Por que Kevin demonstraria aversão instantânea a ela? E por falar nele, por que nunca o vira antes? Não seria normal ter conhecido a família do homem com quem iria se casar, o pai de seu filho?
Demi se inclinou para trás no banco e deixou escapar um suspiro frustrado. Enquanto estivesse em Nova York pretendia buscar respostas e talvez tentar deslocar o bloco de cimento que parecia lhe tapar a mente. Deveria haver uma forma de libertar sua memória. E se houvesse, ela a encontraria. De preferência, antes de se casar.
Contudo, ainda havia surpresas desagradáveis a aguardando quando chegaram à cobertura.
Demi quase rosnou de frustração quando as portas do elevador se abriram e avistou Taylor.
Estaria fadada a encontrar aquela mulher em sua casa a todo o momento?
A assistente de Joseph exibiu um sorriso caloroso de boas-vindas, e Demi  não pôde deixar de notar que se destinava apenas ao patrão. Ela permaneceu ao lado de Joseph enquanto Taylor relatava a programação das reuniões, os telefonemas que precisava retornar e os contratos que necessitavam de sua atenção. Não recuaria entregando a vitória àquela mulher, implícita ou não.
Taylor falava em tom de voz baixo e sensual, tocando o braço do patrão com frequência.
Soltou uma risada rouca diante de algo que ele lhe disse, durante todo o tempo ignorando a presença de Demi. Tinha de admitir que aquela mulher era ousada. Se não estivesse grávida, teria considerado seriamente a possibilidade de arrastá-la para fora da cobertura pela orelha.
Uma cena divertida em nível de fantasia, mas Joseph ficaria horrorizado.
Demi suspirou mesmo enquanto a imagem da bela e penteada mulher sendo banida do apartamento a divertia consideravelmente.
Por fim, Taylor se preparou para partir, e os ombros de Demi relaxaram, aliviados.
Porém, quando as portas do elevador se abriram para ela entrar, outro homem, também bastante parecido com Joseph, também entrou.
Demi teve vontade de perguntar quantas pessoas tinham passe livre ao recesso do lar dos dois, mas mordeu o lábio.
– Ao que parece, nosso apartamento está parecendo uma porta giratória hoje – disse
Joseph, fazendo-a imaginar se ele havia lido sua mente.
Embora a desaprovação de Kevin tivesse sido algo mais sutil, não havia dúvidas sobre a opinião do outro irmão sobre ela. Ele escancarou uma carranca quando lhe foi apresentado como sendo Nick.
– Preciso falar com você se não se importa, Joseph – disse o belo homem com a mandíbula contraída.
– Não os incomodarei – retrucou Demi, virando e se dirigindo ao quarto, farta da recepção fria que recebera.
Mesmo enquanto fechava a porta, podia ouvir as vozes alteradas e o tom irritado de
Joseph. Hesitou por um instante, imaginando se devia escutar a conversa. Queria ouvir de fato o que estavam dizendo? Com um suspiro, Demi girou para observar o quarto que Joseph lhe designara depois que tivera alta do hospital. Sem saber o que fazer, retirou os calçados e se sentou na cama. A viagem não havia sido estafante, mas a ideia de se encolher debaixo das cobertas a atraía. A cabeça começava a latejar pela tensão e se conseguisse cochilar por algum tempo, talvez se sentisse melhor. E talvez, quando acordasse, não houvesse mais ninguém no apartamento.
Quando Demi despertou, se encontrava em outra cama. Pestanejou para dispersar a névoa provocada pelo sono e percebeu que estava no quarto de Joseph. Espreguiçou-se e ficou feliz por não sentir mais a pressão na cabeça.
Sentou-se e viu Joseph parado na outra extremidade do quarto, observando-a. Por alguma razão, Demi se sentiu insegura naquele momento.
– Devia estar mais cansada do que pensei – disse ela em tom de voz leve. – Não acordei quando você me transferiu para cá.
– Você dormirá no nosso quarto, na nossa cama.
Demi pestanejou várias vezes.
– Está bem. Apenas não pensei. Foi naquele quarto que fiquei antes.
Joseph fechou a distância que os separava e se sentou na cama ao lado dela.
– Seu lugar é aqui. Comigo.
Demi inclinou a cabeça para o lado. Tinha a nítida impressão de que ele não se referia apenas ao fato de ela ter se deitado em outro quarto. Era quase como se ele a estivesse convencendo, e aos outros, de que seu lugar era ao lado dele.
– Seus irmãos não me aprovam – disse ela em tom de voz baixo.
A expressão de Joseph se tornou pétrea.
– Meus irmãos não têm de opinar em nosso relacionamento. Anunciarei nosso casamento na recepção daqui a duas noites, e nos casaremos dentro de uma semana.
E estava dito, pensou ela. A lei instituída por Joseph Jonas.
Inclinando-se, ele a beijou.
– Por que não se veste? Vamos sair para um belo jantar.
– Lagosta? – perguntou esperançosa, e só então se deu conta do que dissera. – Os olhos azuis se arregalaram pelo excitamento. – Lagosta! Eu me lembro de que lagosta é meu prato preferido.
Exibindo um sorriso tenso, ele a beijou outra vez.
– Exatamente, pedhaki mou. Costumava pedir para que entregassem a comida aqui e sentávamos nus na cama para comê-la.
Demi corou até a raiz dos cabelos, mas tinha de admitir que a imagem era tentadora.
Joseph a ajudou a se levantar e ela se encaminhou ao toalete para tomar um banho e trocar de roupa. Trinta minutos depois, ele a guiou ao elevador e para fora do prédio, na direção do carro que os aguardava. Joseph a levou a um restaurante elegante, e os dois se sentaram em um canto aconchegante, destacado do salão de jantar principal. A iluminação era frouxa e a fazia se lembrar do Natal. Uma doce nostalgia a envolveu enquanto se recordava do quanto amava aquele feriado.
Dentro de mais um mês, as decorações começariam a ser montadas e muitas lojas e restaurantes estariam brilhando com as luzes e azevinhos. Um sorriso sonhador lhe curvou os lábios enquanto imaginava passar o Natal ao lado de Joseph.
– Parece perdida em pensamentos, agape mou. Com esse doce sorriso estampado no rosto, espero que seja eu a ocupar seus pensamentos.
Demi ergueu a cabeça para descobrir aqueles olhos dourados a estudando. A pele cor de bronze acentuada pelas luzes das velas.
– Estava imaginando como será passar o Natal ao seu lado. Estava me lembrando do quanto eu gostava dessa época.
– Suas lembranças parecem estar voltando – disse ele, embora não houvesse nenhuma alegria em seu tom de voz.
Os lábios de Demi se curvaram em um sorriso tristonho.
– Não tão rápido. Apenas um lampejo aqui, outro ali. Parece mais intuição do que propriamente lembrança.
– Sua memória voltará. Tem de ser paciente.
Demi anuiu, mas podia sentir a frustração a dominando. Determinada a não estragar o resto da noite, forçou-se a relaxar e aproveitar a comida excelente e o fato de estar com
Joseph. Sem interferências dos membros da família ou da assistente.
– Gostaria de fazer compras amanhã? – perguntou ele.
Demi pestanejou, surpresa, diante da mudança brusca de assunto.
– Tenho uma reunião amanhã bem cedo, mas depois poderíamos almoçar juntos e comprar os itens de que necessitará para a recepção. Pode procurar um vestido de noiva também.
Demi não conseguia conjurar a imagem de Joseph fazendo compras e tinha certeza de que não encontraria nenhum momento como aquele mesmo que gozasse de plena memória. Ele simplesmente não era o tipo de homem de fazer compras.
– Tem certeza de que quer me levar com você?
Joseph ergueu uma das sobrancelhas.
– Como estou planejando anunciar nosso casamento, seria estranho que você não estivesse lá. A menos que não queira ir.
– Não se trata disso. Adoraria ir. Apenas não tinha certeza de que… – Demi deixou a frase morrer determinada a não se aprofundar no assunto.
– Então, está decidido. Vamos fazer compras amanhã, depois de alimentá-la adequadamente.
Demi exibiu um sorriso.
– Do jeito que fala, me faz parecer um bichinho de estimação.
Um sorriso lento e sexy curvou os lábios sensuais.
– Gosto da ideia de você ser meu bichinho de estimação. Meu exclusivo e mimado bichinho de estimação – disse ele com voz rouca.
Um calor varou o corpo de Demi como a descarga de uma corrente elétrica. Ela engoliu em seco e tomou um gole da água em uma tentativa de abrandar aquele formigamento quente.
E então, Joseph soltou uma risada e o som trouxe à vida cada terminação nervosa do corpo de Demi.
– Vejo que também gostou da ideia.
Corando, ela baixou a cabeça.
– Gosto da ideia de ser qualquer coisa sua – afirmou com sinceridade.
Joseph esticou o braço sobre a mesa e lhe segurou os dedos.
– Você é minha, agape mou. Pode ter certeza.
– Então, leve-me para casa e faça amor comigo – sussurrou ela.



algo me diz que essa paz logo acaba, 
(momento cuti)
olha eu sinceramente quero que chega o momento que ele vai se ferrar bonito a ponto de se odiar
só digo que irei chorar quando chegar esse momento, sempre choro quando leio pois é
bjemi

2 comentários:

  1. Taylor é puta e os irmãos do Joseph são babacas. Mas pelo menos ele está sendo bonzinho com ela...
    Acho que talvez ele recupere algumas lembranças nessa viagem

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  2. O Nick e o Kevin foram dois babaca que que custava pelo me fingir.
    Ficaria feliz se o pensamento da Demi se realizasse, ver a Taylor sendo expulsa de lá seria incrível.
    Eu tô ansiosa pra que ela recupere e com medo.
    Amei o capítulo, bjs e posta logo 😘❤

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